- Virgínia de Medeiros
“Sergio
e Simone” (2009/2014), obra que participa da 31ª Bienal de São
Paulo (2014) e premiada no 18º Festival de Arte Contemporânea
Videobrasil com o Prêmio de Residência ICCo retrata Simone, uma
travesti, que morava numa casa arruinada na Ladeira da Montanha,
antiga ligação entre a Cidade Alta e Baixa. Como a maioria dos
habitantes desta área, uma das mais degradadas da cidade de
Salvador, BA, Simone era usuária de drogas e, cerca de um mês
depois da primeira filmagem, ele entra em convulsão por causa de uma
overdose de crack, seguida de um delírio místico, no qual acredita
ter se encontrado com Deus, um encontro que a teria feito escapar da
morte. A partir desse episódio Simone abandona a sua condição de
travesti, volta para casa dos pais, retoma o seu nome de batismo
Sérgio e, num surto de fanatismo, se considera uma das últimas
pessoas envidas por Deus para salvar a humanidade.
Nesse
trabalho a artista Virginia de Medeiros converge estratégias
documentais, para ir além do testemunho, questionando os limites
entre realidade e ficção. A artista lida com três pressupostos
comuns aos campos da arte e do documentário: o deslocamento, a
participação e a fabulação. Adaptando imagens documentais para
usos subjetivos, pessoais e conceituais, propiciando a revisão dos
modos de leitura e representação da realidade e da alteridade. De
Medeiros atua na área de arte e tecnologia com ênfase em
vídeo-instalação e audiovisual, sempre buscando convergir
linguagens das artes e das mídias, expandido as concepções
estéticas e tecnológicas afim de gerar novas possibilidades
expressivas.
- Cinthia Marcelle
Cinthia
Marcelle é bacharel em desenho pela Escola de Belas Artes da
UFMG, formou-se em 1999,
produz imagens de síntese com fotografias, vídeos, esculturas e
instalações, em um trabalho fortemente relacionado à performance.
Participou da 29ª Bienal de São Paulo (2010), da 9ª Bienal de Lyon
(França, 2007) e da 9ª Bienal de Havana (Cuba, 2006). Suas
principais exposições individuais aconteceram na Foyer Gallery,
Camberwell College of Arts (Londres, Inglaterra, 2009), Fundação
Joaquim Nabuco (Recife, 2006) e Museu de Arte da Pampulha (Belo
Horizonte, 2004). Em 2010, foi premiada com o Future Generation Art
Priz. Cinthia
Marcelle
vive e
trabalha em
Belo
Horizonte.
“Cruzada” é um
trabalho de Marcelle, em que dezesseis músicos surgem dos quatro
cantos de um cruzamento, quatro de cada lado, trajando quatro cores:
amarelo, vermelho, azul e verde. Os grupos (grupo dos pratos, grupo
dos taróis e bumbos, grupo dos trompetes e trombones, grupo dos
bombardinos e tubas), entram em cena, um de cada vez, ao som
desencontrado dos instrumentos até alcançarem o centro do
cruzamento. Quando todos se vêem na encruzilhada, frente a frente,
inicia-se um duelo entre eles, embate que termina em uma coreografia
na qual os músicos trocam de lugar, formando então quatro bandas de
cores e instrumentos misturados. Ao som de uma mesma canção, enfim
harmonizados, os músicos deixam a encruzilhada espalhando-se, cada
qual no seu tempo, pelas quatro vias.
Recorrendo a
expedientes da performance, da pintura, da videoarte e das artes
sonoras, a obra explora a dinâmica entre repetição e variação
para suscitar questionamentos sobre embates socioculturais. Dezesseis
músicos de banda, divididos em quatro grupos, surgem dos quatros
cantos de um cruzamento, trajando, cada grupo, uma cor. Sua música
se torna harmoniosa, sincronizada, enquanto a composição de cores
se mescla.
- Felipe Barros
Felipe
Barros é formado em Artes Plásticas pela Faculdade Santo Marcelina,
em São Paulo, e mestre em Artes pela UNICAMP, Campinas. Desde 2006
trabalha com o audiovisual, sendo a vídeoarte e o documentário suas
principais linguagens.
Em
seu trabalho “Orawa”, o artista faz uma busca de indícios da
relação entre arte e autor, na obra ele explora a superfície do
corpo de um maestro de orquestra em ação, como um sucedâneo físico
do som, criando grafismos que remetem a uma partitura. O trabalho tem
origem de uma pesquisa sobre processo de criação e a relação do
artista com seu ofício.